Tudo é tão estranho. Pra todo mundo. Não pode sair, não pode ver ninguém, não pode abraçar, não pode beijar, não pode isso, não pode aquilo. A internet, que deveria ser uma aliada de quem tem acesso a ela, pode virar uma grande fonte de raiva e pontos de interrogações, exclamações…fonte de revolta.
Num momento como esse, eu acredito que a internet devia aproximar, sabe? Vamos usar os aplicativos para fazer videochamadas e ver o rosto de quem a gente tá com saudade. Vamos aproveitar os cursos gratuitos online para aprender mais. Vamos tentar criar novos conteúdos e ajudar o próximo nas redes sociais. Dá pra fazer tanta coisa boa, e tem muita gente que faz. Pelo menos eu faço.
Mas a internet é só um meio. Um meio de conectar pessoas. Umas escrevem, outras lêem. Umas gravam vídeos, outras assistem. Umas colocam sua opinião, outras debatem. Podemos dizer que a internet é formada por pessoas, por gente. E onde tem gente, tem problema. Não venha me dizer que não, o ser humano adora ver o circo pegar fogo. Adora longas discussões onde ele sempre está coberto de razão e o outro lado é completamente errado. Adora o anonimato que o mundo virtual permite para poder atacar alguém. Não adora?
Por muitas vezes me peguei pensando em sair de tudo. Todas as redes. “Não vou mais criar conteúdo”, “não vou mais acessar o Twitter”, “meu Facebook só tem gente que compartilha fake news e não aceita ter uma discussão saudável, vou excluir”, “pra quê colocar vídeos no YouTube se mal tem visualizações? Quem assiste são pessoas que me conhecem, pra dar uma força”, “Instagram é legal, mas cansa”. Todas essas frases já passaram pela minha cabeça. E você pode estar pensando que no meio de todo esse caos que o mundo está, pensar em redes sociais deveria ser a menor das minhas preocupações. Você está certo. Deveria e é a menor delas. Mas para pra pensar. Quanto tempo por dia você passa navegando na internet? Talvez você responda que praticamente o dia todo (comigo é assim). E por que você passa tanto tempo nesse “mundo”? Quantos meios que utilizam/precisam de internet você não usa para fazer coisas importante ou trabalhar (comigo é assim)? E nesse tempo que você navega: quantas coisas ruins não acaba vendo, mesmo que sem querer, e acaba sendo afetado, mesmo que de forma mínima?
Os quatro primeiros parágrafos que você leu foram escritos no dia 16 de Agosto de 2020, mas eu não publiquei. Eu só queria um espaço pra poder escrever um desabafo, sabe? E hoje, 5 de Julho de 2021, voltei a ler esse texto (e não mudei nenhuma vírgula dele). Algumas coisas não mudaram. Ainda não podemos sair, ainda existe muita cobrança nas redes sociais, ainda tem muita fake news e eu ainda passo muita raiva lendo notícias.
Mas agora, eu não me cobro tanto em relação as redes (criar conteúdo pra internet não é fácil), não gasto minha energia e tempo com notícias que tiram minha paz, não entro em discussões se eu não achar que vale muito a pena, e estou feliz com quem acompanha meu trabalho e apoia (mesmo que a maioria sejam pessoas da minha família/amigos que estão ali só pra dar uma força).
Quase um ano depois daquele desabafo, eu mudei meus pensamentos e atitudes sobre muitas coisas (amém!), porque eu, e você, estamos em constante evolução. Eu faço muito mais coisas por mim agora, que vão muito além de passar horas estudando (o que eu fazia antes), eu tenho tentado conhecer mais o meu corpo a cada dia, a me aceitar e a me amar mais. Tem sido bom.
O mundo continua um caos, e eu não quero nem morta ser uma Rafa Kalimann que fala que devemos ver o lado bom da pandemia. Mas, eu achei que seria bacana compartilhar como eu tô fazendo pra sobreviver por aqui. Me exercitando, dançando (que é algo que eu amo fazer mesmo sendo meu trabalho), meditando, estudando, lendo livros, assistindo a realities que podem ser considerados super fúteis, lendo fofocas da vida de famosos, mantendo contato com a minha família sempre, fazendo ligações e jogando online com meus amigos, me permitindo descansar, fazendo aulas de canto, tomando banho de chá de boldo toda sexta-feira, lendo conselhos de tarô que aparecem na minha timeline do Twitter e claro, sempre tem um surto aqui e outro ali, mas faz parte, né?
Como você tá sobrevivendo por aí?
Deixe um comentário