Qual seria sua vida ideal? Em algum momento da vida, paramos para imaginar, “e se eu tivesse feito aquilo?”.  Às vezes, o pensamento permanece em mais momentos do que nós podemos contar nos dedos. Viver no mundo do “e se?”  é um dos fatores marcantes desenvolvidos no filme de Daniel Kawn e Daniel Scheinert em Tudo em todo lugar ao mesmo tempo, versão traduzida do título “Everything, everywhere all at once”, lançada em junho de 2022. 

A história de Evelyn Wang é contada no filme através de um teor cômico, onde embarcarmos numa jornada de como uma mulher “comum” como Evelyn, uma imigrante chinesa que toma conta do pai, lida com problemas financeiros devido a provável falência de sua lavanderia, sofre também com a eminente ameaça de divórcio do marido Waymond, e o distanciamento de sua relação com a filha Joy, precisa salvar não só esse universo, mas todos os outros de uma grande ameaça que pretende causar a destruição desse incrível metaverso.

Soa fantasioso? E de fato é, ao mesmo tempo que não. Tudo em todo lugar ao mesmo tempo é um filme capaz de mesclar o extraordinário e o ordinário de uma maneira extremamente natural e simplesmente boa, principalmente quando entendemos que a maneira a qual Evelyn é capaz de “salvar os universos” é se tornando diferentes versões dela mesma, que fizeram escolhas diferentes das quais levaram a Evelyn “principal” para a vida dela.

E é então que ao meu ver, as coisas ficam interessantes, afinal quem nunca fantasiou sobre como seria sua vida se certas coisas fossem diferentes? Brincar com essas fantasias, é sem dúvidas, um dos pontos fortes do filme, ao qual proporciona momentos de comédia, drama, romance, e efeitos cinematográficos incríveis. Explorar um mundo de possibilidades é mostrado no filme tão bem, que a própria audiência não faz ideia do que pode acontecer, como por exemplo chorar com o diálogo de duas pedras! E, ao mesmo tempo, que ficamos loucos com a loucura do próprio filme, há também uma grande e bela metáfora de vida por dentro de toda a produção, que nos promete risadas, e entrega também muitos momentos de reflexão sobre o próprio sentido das coisas, da vida e das relações nela vividas, onde o público é convidado a encontrar suas próprias respostas e interpretações.

Outro destaque que deve ser mencionado sobre a produção, é o fato de que todo o elenco é composto por atores e atrizes amarelas e, apesar de produzido por dois americanos, o filme retrata de uma maneira respeitosa a cultura chinesa e como esta influencia a dinâmica dos relacionamentos dos personagens no filme. Ele também apresenta alguns tipos de cenas e cenografias característicos de produções chinesas. É importante a menção deste fato, pois infelizmente, não é comum que produções cinematográficas apresentem pessoas e personagens amarelos como centro das histórias, especialmente em enredos tão bem produzidos e premiados quanto Tudo em todo lugar ao mesmo tempo. O filme também portanto, é uma produção que representa não só uma história, mas sim pessoas reais e sua cultura, ao mesmo tempo que brinca com a ficção.

Apesar de lançado em junho de 2022, o filme chegou novamente aos cinemas no começo de fevereiro de 2023. Atualmente o filme consta em 11 indicações ao oscar, e foi vencedor de diversas premiações de críticos da indústria cinematográfica, contando ainda com dois globos de ouro.

Em suma, caso esteja procurando algo para se divertir e também fazer algumas reflexões para a vida, Tudo em todo lugar ao mesmo tempo é uma ótima indicação, e além dos cinemas, a produção chega no serviço de streming do Prime Vídeo ainda esse ano.