Sei que os vinte e poucos anos são uma idade boa. Somos considerados jovens pelas pessoas mais velhas, não tão velhos pelos adolescentes, mas penso que talvez essa seja a fase mais desafiadora da vida.
Desafiadora porque não somos mais crianças (nem adolescentes) que são abraçados pelos pais, ajudados e orientados quanto cometem qualquer erro. Já somos adultos… Só que ninguém nos ensina como é ser adulto. Passamos cerca de 13 anos das nossas vidas na escola, aprendemos muitas coisas que nunca utilizamos, e outras que seriam tão úteis, simplesmente não são ensinadas.

Como declarar imposto de renda? Qual o processo para comprar uma casa ou carro? Como funcionam os cartórios? Como enfrentar as adversidades da vida? Onde investir meu tempo e energia? Como ser resiliente?
Não aprendi nenhuma dessas coisas — e se você tem vinte e poucos anos, acredito que também não.
Fato é que, quanto mais a gente cresce, mais coisa aprende com nossas vivências. Só que o passado vai ficando cada vez maior, e quando criamos consciência de que, cada escolha nos trouxe até onde estamos agora (o temido, “eu sou responsável pela minha própria vida”), nos sentimos um tanto quanto desesperados.
E se eu não tivesse feito esse curso na faculdade? E se eu tivesse começado a fazer terapia mais cedo? E se eu tivesse as mesmas oportunidades que fulano teve? E se eu tivesse conquistado aquela meta? E se eu não tivesse pedido demissão? E se, e se, e se…
Percebo que, quando olho pro passado, me culpo muito sobre muitas coisas. E quando penso no futuro, fico apreensiva por saber o que irá acontecer. Ontem, lendo sobre alta frequência, relembrei de algo importante: fazer as pazes com o passado. Seja com quem não foi bacana comigo ou até comigo mesma. Porque, naquele momento, cada um fez o melhor que pode. Aliás, nós sempre fazemos o nosso melhor, mesmo que não pareça. A gente doa o que é possível doar no momento, com base no nosso momento de vida, repertório e consciência.
Tenho 25 anos, e ainda não sei se estou vivendo certo. Mas sei que devo saudar o passado, não temer o futuro e focar minhas energias no agora. Em silêncio, com sabedoria, gratidão e coração aberto.
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