Não seja dura consigo mesma | Lições de RED – Crescer é uma fera

Assim que foi lançado no Disney+, eu assisti ao filme RED – Crescer é uma fera. Neste dia, eu chorei muito (muito mesmo) ao final do filme, em um nível que eu soluçava e nem sabia o porquê. O que eu sabia, era que aquela história havia me tocado de uma maneira diferente, e eu queria entender como.

Meses depois, decidi reassistir ao filme, porém dessa vez prestando atenção em cada detalhe. Chorei novamente, mas também fiz diversas anotações sobre o filme e refleti sobre cada uma delas depois.

Esse post é sobre como o filme RED – Crescer é uma fera me atingiu — e pode ser que você se identifique também.

ATENÇÃO: Esse post não é uma resenha, mas sim uma reflexão. Portanto, ele CONTÉM SPOILERS sobre o filme todo. Caso você queira ler outras indicações e resenhas de filmes sem spoilers, clique aqui.

Mei Mei, tirando uma selfie

Começamos o filme com Mei Mei (personagem principal) se apresentando. Apesar de nova, ela diz ser uma menina independente, que faz o que quer e que não liga para o que os outros dizem. Porém, não demora muito até vermos que ela só é assim fora de casa. Sua mãe é rígida, então ela segue tudo o que a mesma pede, e para tentar agradar, até esconde certos segredos dela (não que isso seja um problema, afinal todos temos segredos, mas algumas coisas/situações seriam legais de compartilhar).

Esse primeiro ponto já me deixou muito pensativa: quantas vezes será que deixei de ser eu mesma perto da minha família?

Acho que quase todo mundo sabe que, como seres humanos, é normal que nosso jeito de ser seja um pouco diferente dependendo do ambiente em que estamos inseridos, mas até que ponto essa mudança é normal? Agir diferente não é o mesmo que se “transformar” em outra pessoa — felizmente, acho que nunca fiz isso. Uma certeza que tenho é que por muito tempo me senti muito mais confortável estando entre amigos, mas acho que todo mundo tem um pouco disso, principalmente quando se é criança.

Voltando à história, Mei Mei se torna panda e fica desesperada, afinal ela nem sabia que isso poderia acontecer. Conforme vai tentando lidar com a situação, ela vê nas amigas um ponto de paz, de equilíbrio, e quando pensa que está com elas, consegue controlar o panda. Ela ama suas amigas, e pode ser 100% si mesma perto delas (mostrando o que eu acabei de citar no parágrafo acima).

Acho esse um ponto muito bonito, que mostra que podemos encontrar acolhimento das pessoas que escolhemos estar próximas a nós. Mostra que os amigos podem se tornar família, e isso foi algo que me tocou bastante. Tenho amizades que parecem terem vindo de outras vidas, que me entendem e me acolhem quando preciso, então entendo bem a Mei Mei.

Mesmo tendo essa relação linda, quando o calo aperta, Mei Mei acaba “traindo” suas amigas e as decepcionando, tudo isso para não desagradar a própria mãe. A partir daí, o panda, que era fofinho e divertido, vira um monstro aos olhos dela.

Até que, em uma conversa, seu pai mostra que o panda não é um monstro, mas sim uma parte dela. Ele pode ter seus pontos negativos, mas isso todos nós temos, vai de nós querer escondê-los ou lidar com eles.

Esse foi um diálogo que me emocionou bastante também! Eu sei que todas as pessoas do mundo tem pontos negativos e positivos, e isso me inclui. Porém, quando eu acho que fiz algo de errado, ou quando alguém aponta o dedo pra mim, sou extramamente dura comigo mesma. Ao invés de lidar com a situação e me acolher, acabo querendo “esconder meu monstro”, e isso nem faz sentido, já que o “monstro” é uma parte minha. Eu preciso saber lidar com ele, e só vai estar do meu lado, quem estiver disposto a me ajudar nesse processo também.

Panda vermelho de RED - Crescer é uma fera

Quando Mei Mei decide não passar pelo ritual que tiraria o panda de seu corpo, mas sim ficar com ele, sua mãe se revolta e também acaba virando um panda raivoso. Então, vemos que na verdade, a família é um ciclo de mães que são rígidas com as filhas porque tiveram a mesma criação e sempre tentaram ser as filhas perfeitas — sem sucesso. Quantas vezes você tentou ser perfeita para os outros e anulou a si mesma?

Quando Mei Mei decide “soltar sua fera” e conviver com ela, tudo fica melhor! Ela aprende a lidar com seu monstro interior, e todos ao redor também, e essa é a grande lição do filme. Aceitar sua fera interior e aprender a lidar com ela.

“Você fica tentando fazer com que todos sejam felizes mas é tão dura consigo mesma.”

Foto minha sorrindo pra câmera quando era criança

Lições de RED – Crescer é uma fera

  1. Seja você mesma, em qualquer lugar e com qualquer pessoa
  2. Seus amigos podem se tornar sua família
  3. Você, assim como qualquer um, tem pontos negativos. Aprenda a lidar com eles
  4. Não seja dura consigo mesma para tentar agradar aos outros

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6 comments on “Não seja dura consigo mesma | Lições de RED – Crescer é uma fera

  1. Vit,
    que texto precioso e maravilhoso. Eu também assisti a essa animação da Disney, e fiquei encantada com o ensinamento que nos traz de forma divertida e didática.
    Por muito tempo, eu também me anulei, ou tive um pouco de receio de ser eu mesma e o julgamento daqueles que estavam ao meu redor. Mas confesso que nunca tentei ser perfeita, porque sabia bem que não conseguiria, mesmo que me chamassem de certinha. huahuahuahuahua
    Bom, eu acredito que todos temos um pouco de Mei Mei dentro de nós, e aceitar os nossos defeitos, por vezes, é mais difícil do que aceitar as qualidades.

    Karolini Barbara

    • Me identifiquei com sua fala também, eu não tentava ser perfeita mas me chamavam de certinha, hehehe. E sim, é muito mais difícil aceitar nossos defeitos, ainda mais quando os outros apontam eles toda hora como algo que não deveria existir, né?

  2. Que reflexão linda!
    Que bom que você conseguiu identificar esses pontos, por mais que eles tenham te pegado de surpresa e te deixado emotiva. Adoro esse poder do autoconhecimento: podermos entender sobre nós com ajuda de filmes e cenas cotidianas. Acho bacana demais ver essa geração de crianças que já vem agora com esse tipo de incentivo e aceita quem é tanto em casa, quanto fora… que tem esse acolhimento em vários lugares.

    Eu sempre fui muito taxada de tagarela, faladeira. Com 26 anos que parei de sentir vergonha desse traço meu, inclusive o blog leva esse nome por isso. Para falar, sem ter vergonha.

    Meu desejo de futuro é que mais gente possa crescer e envelhecer sem odiar tantos traços seus.

    Abraço… ótimo post!

    • Eu nem tinha visto essa análise pelo lado do autoconhecimento, mas é verdade, foi exatamente isso que fiz sem perceber.
      Que bom que você aceitou seu lado “tagarela”, inclusive adoro o nome do blog! Muita gente vê algumas coisas como “defeito”, mas na verdade nem é…elas que são chatas mesmo!

      Faz total diferença as crianças de hoje crescerem com essas referências, com certeza!