Se vestir pode ser um hábito atômico divertido!

 A leitura de fevereiro foi o livro Hábitos atômicos do James Clear, que ganhei como prêmio da Comunidade de Estudos de Consultoria de Imagem (CECI) que participo e veio em ótima hora.

Ao invés de fazer uma resenha tradicional dele, resolvi correlacionar os ensinamentos e sistema apresentado no livro para criar hábitos com o ato de se vestir, que é o que domino.

Capa do livro. Foto retirada pela autora.

Se a gente parar para pensar, vestir-se todas as manhãs nada mais é do que um hábito, algo que podemos fazer sem pensar, no modo automático. A maioria de nós não precisa nem acender a luz para escolher algumas peças de tão acostumados que estamos em usá-las, só de tocar você sabe se está do avesso ou não, qual a frente, onde o zíper fica.

Isso é ruim? Depende.

Saber tudo o que você tem é excelente, ter essa noção do seu inventário poupa muita dor de cabeça e compras erradas (falei um pouco sobre isso aqui), porém, na maioria das vezes temos muita coisa e “decoramos” poucas, ou seja, um monte de roupa fica esquecida no armário, vêem raramente a luz do sol, enquanto outras “já podem ir sozinhas”.

Durante a leitura desse livro, isso ficou muito claro do porque fazemos isso com nossas queridas roupas. Então, vou utilizar as 4 leis de como criar um bom hábito para te ajudar a ser mais criativa sem esforço e utilizar de verdade tudo o que compra.

1ª Lei: Torne-a Clara

É uma das partes mais fáceis e, se você me segue, sabe que vivo falando sobre isso: “o que não é visto, não é usado”, uma adaptação daquela frase “quem não é visto, não é lembrado”, que se usa muito na vida profissional, né?! O mesmo vale para as suas coisas, se está “escondido”, difícil de pegar, é improvável que você use e pior, pode acabar comprando algo igual ou muito parecido por não ver que já tem.

Para essa lei, temos 3 passos (no livro são 4) para você seguir: 

  1. Faça um inventário do que você tem: anote, fotografe, catalogue cada peça. Ex.: tenho 2 calças jeans, 1 pantacourt, 2 calças sociais, 2 calças de moletom, 1 calça pijama, 3 saias curtas, etc. Você ainda pode ser mais específica ainda como: Tenho 1 calça mom jeans, 1 calça jeans preta, 1 pantacourt preta plissada, 1 calça social cinza, 1 calça social tijolo, e assim vai;
  2. Faça compromissos de usar suas peças: se comprometa com elas, diga “eu vou usar peça tal dia tal para fazer tal coisa“. “Vou usar minha calça social tijolo sexta-feira para atender uma cliente“. Esse compromisso criado vai te inibir de falhar com ela, aumentando a probabilidade de usá-la;
  3. Redesenhe seu ambiente: não só guarde suas peças, tenha o mínimo de organização que te ajude a otimizar o uso delas, lembre-se que você precisa ver o que tem. Então, a melhor forma de guardar é de um jeito que você veja tudo sem esforço. (Falei muito sobre isso aqui).
Visualizar tudo de forma fácil é crucial. Foto: Artem Beliaikin on Unsplash

Talvez os dois passos mais importantes são o 1º e o 3º e um complementa o outro. Um ambiente propício, que te ajude a ver as coisas vai fazer com que você saiba o que tem e consequentemente queira usar.

2ª Lei: Torne Atraente

A verdade é que toda vez que sentimos prazer em algo, repetir essa ação é mais fácil. Nem tanto pelo prazer imediato, mas pela ideia dele. “Quando eu vesti roupa tal, fui elogiada, logo, se eu usar mais peças como ela, serei elogiada também“. Pela minha experiência, esse tipo de antecipação de recompensa (elogios, segurança, aceitação) é o que nos leva a usar e comprar sempre as mesmas coisas, que cria a nossa zona de conforto. 

Aqui também temos 3 passos simples:

  1. Empacotamento de tentações: misture uma peça que quer usar com uma que precisa ser usada, ou seja, uma que você já usa muito com uma que não usa tanto. Isso te ajuda a ter segurança, afinal, tem uma peça ali que você já sabe que funciona e ao mesmo tempo, exercita sua criatividade por ter que pensar se e como combinar essa outra que fica parada ali;
  2. Reforço positivo: a verdade é que, por mais que você não queira e diga que não, o meio em que vivemos molda quem somos. Então, se você quer “subir o nível”, é legal estar entre pessoas que querem o mesmo. Exemplo: se você é uma pessoa que só usa preto, mas quer começar a usar outras cores, mas frequenta locais e anda com pessoas que só usam preto, dificilmente vai se sentir confortável para aparecer com um azul, porque vai se destacar ali, causar estranhamento, e, se sua personalidade não é assim, você vai se sentir mal (o mesmo vale para o inverso). Pessoas super casuais que começam a trabalhar em centros urbanos que são menos casuais, naturalmente moldam suas vestimentas para esse ambiente. A Vitória fez um post sobre isso no instagram;
  3. Reestruture sua mente: ressalte os benefícios, foque na parte boa, troque algumas palavras. Não use palavras como “tenho que”, “preciso”, palavras de imposição. Ao invés disso, opte por “consigo”. Se você tem que ou precisa fazer algo é porque consegue. Foque no benefício dessa ação como, por exemplo, ao invés de pensar “preciso usar mais cores para ser criativa” pense “é uma ótima oportunidade de exercitar minha criatividade e me divertir escolher usar cores” ou “se eu usar amarelo terei mais energia para concluir o meu dia” (o mesmo vale para peças de roupas).
Cerque-se de pessoas ou que querem o mesmo que você ou que já alcançaram o seu objetivo, isso vai tornar mais atraente seu novo desejo de imagem. Foto: Chris Murray on Unsplash

3ª Lei: Torne Fácil

Tá ficando até chato repetir isso, mas, quanto mais fácil for fazer algo, provavelmente você fará mais. Se você já teve a oportunidade de tirar sua CNH, vai entender perfeitamente isso. No começo, é péssimo, é a pior parte do seu dia ter que ir dirigir, tudo é difícil, nada faz sentido. “Pra quê 3 pedais se só tenho 2 pés?“, “como assim gira o volante pro lado oposto do que você quer ir?“, “qual o ponto da embreagem?“, “tem que estacionar mesmo?“, “nunca vou fazer baliza na minha vida, é muito difícil!“. Mas, depois de muita prática, dirigir se torna natural e fácil, você não precisa pensar mais para trocar de marcha, reconhece as tremidinhas do carro e o que cada uma significa, faz baliza de olhos fechados (tá legal, aqui exagerei, mas você entendeu o ponto). 
A mesma coisa acontece com nosso estilo, principalmente se queremos expressar mais criatividade. No começo tudo é horrível, dói pensar, dá trabalho, mas depois que você pratica e entende como as coisas funcionam, algumas trocas se tornam automáticas.
Aqui vou usar 3 passos dos 5 apresentados no livro:
  1. Reduza a resistência: Se você quer usar mais determinadas peças do seu armário, coloque-as na frente, elas serão as primeiras que você vai ver todas as manhãs. Se você quer usar mais cores e texturas, tenha isso como sua primeira opção, esconda o que não cumpre, o que for oposto a isso;
  2. Use a Regra dos 2 minutos: É basicamente fazer o que é mais fácil no dia usando o mínimo possível, para ir se acostumando e criando confiança. Se seu objetivo é usar cores, por exemplo, ao invés de começar com uma calça, pense qual o menor pedaço do seu corpo que pode acrescentar isso. Um cinto? Um brinco? Um lenço? Depois de dominar isso, vá expandindo as áreas coloridas aos poucos até se sentir segura o suficiente para ter um look inteiro colorido;
  3. Automatize: Na hora das compras, ao invés de levar o que sempre pega, vá além (levando em consideração o nível de 2min que está). Se você aumenta suas opções criativas, é mais fácil utilizá-las.
É bem clichê e parece até óbvio, mas, compre aquilo que pretende começar a usar. Foto: Clay Banks on Unsplash

4ª Lei: Torne Satisfatório

A verdade é que nosso cérebro é muito mais fácil de “educar” do que a gente pensa. Assim como educamos uma criança ou um pet, recompensando as boas atitudes e repreendendo as ruins, quando adultos, também funciona. O segredo é ter algum reforço positivo imediato, seja um elogio próprio “estou linda”, “consegui fazer uma combinação diferente”, sentir orgulho pela seu conquista.

Colocou uma estampa no visual de sempre? Reconheça essa vitória, tire foto, poste nos stories, isso vai tornar mais apetitoso o ato de pensar uma combinação nova e te incentivar a fazer mais vezes.

Sarah Jessica Parker satisfeita com suas roupas. É um momento prazeroso para a personagem. Imagem retirada da internet, cena do filme Sex and the city.

Existe uma linha de pensamento que o próprio tio Mark usa para justificar estar sempre usando a mesma coisa, e que o Pyong também usou de que temos uma limitação diária para tomadas de decisões e não precisar escolher a roupa que vai usar no dia economiza algumas delas para algo mais importante. Eu discordo, temos poucas oportunidades no nosso dia de sermos criativos e até de nos expressarmos livremente, então por que podar esse momento que é nosso? Essa chance de pensar diferente, arriscar algo novo é um treino para fazer melhores escolhas e pensar “fora da caixa” em outras áreas também.

Acredito que toda oportunidade que temos de pensar diferente deve ser aproveitada. Criatividade não é a mesma para todos, algumas pessoas podem achar o meu visual criativo, mas para a minha pessoa ele é comum. Criatividade é relativa, é o seu fora da caixa, o seu ousado.

E, como último conselho: “Não tenha medo de errar.” Faz parte do processo e tá tudo bem, ninguém nasce sabendo nada e estamos todos aqui para isso mesmo, acertar, errar, aprender, tentar de novo, errar, aprender, tentar de novo, acertar e assim vai.

Ahhh!! Você pode pegar mais dicas sobre como ser criativa sem se esforçar nesse outro post aqui, ele vai complementar as informações que dei nesse.

E, se quiser ler o livro para te ajudar na implementação de outros hábitos, não esquece de usar o link de afiliados da Amazon do blog (clica aqui)!

Nos acompanhe no Instagram!

Deixe um comentário para Thais Gama Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

8 comments on “Se vestir pode ser um hábito atômico divertido!

  1. Menina, essa regra dos dois minutos achei absolutamente TUDO! Faz tanto sentido, nossa, vou aplicar isso super na minha vida!
    Eu adoro fotografar looks justamente por isso de lembrar o que gosto de ver em mim… Ajuda a acertar com a mesma peça, acertar com novas combinações parecidas, ajuda a acertar até na hora de comprar… Amo!

    • Sim, eu achei libertadora essa regra dos dois minutos e faz total sentido, para qualquer coisa né?! Não preciso começar correndo a maratona (até pq meu corpo não aguenta), mas posso ir até o portão vestida com roupa de corrida e voltar. kkkkkk
      Eu não tenho mais esse costume de fotografar, esse ano de pandemia me tirou a vontade de me vestir, passar muito tempo em casa é ruim por esse lado, só quero usar short e regata. kkkk

  2. Muito legal!
    Seu post me fez lembrar de quando eu tinha 18 anos e fiz um inventário de minha roupas. Eu e minha melhor amiga da época nos divertimos contando e catalogando tudo. Isso facilitou muito para eu fazer uma pilha de roupas para doar. E tenho a listinha guardada numa caixa de recordações.

    Gostei das dicas que o livro propõe!

    Paula

    • Que legal!!!!
      Eu já tentei uma vez catalogar tudo, mas não tive saco kkkk
      Tirei fotos e esqueci delas depois kkkk
      Mas, tenho ele catalogado na minha cabeça, então tá tudo bem kkkkk

  3. Thais, eu AMEI como você relacionou os tópicos do livro com o fato de se vestir. Esse é um hábito tão comum na nossa vida desde sempre, que muitas vezes a gente nem se importa muito, né? vai mais no automático. As suas dicas foram tudo pra tornar isso algo mais divertido e criativo, adorei!

    • Sim!!!
      É algo tão automático e por ser assim é que sempre ouço o "queria que minhas peças fossem mais versáteis", mas na real é a pessoa que não se desafia e vive no automático das combinações.

  4. Amei essas 4 leis, têm muito a ensinar! Tenho mudado bastante o meu estilo ultimamente, acho que a quarentena me fez repensar a forma como me visto e prezar mais pelo conforto. Toda vez que arrumo o guarda roupas me desfaço de algumas peças e tenho adquirido algumas peças chave que sinto que faltavam. Agora já quero fazer um inventário das minhas peças e repensar alguns hábitos seguindo as dicas do post!

    • Que legal ler isso!!!
      Sim, eu me segurei para não vender tudo, mas a real que nem sei o que faz sentido manter ou não porque a gente deixa de usar muita coisa quando só fica em casa né?!
      Mas, em nome de Jesus, está chegando a hora delas verem o sol mais uma vez.
      Inventário é ótimo, eu não consigo ter anotado, mas tenho na cabeça, então tá tudo bem kkk